quarta-feira, 31 de agosto de 2016

      O "SIM A TODOS COM O SORRISO,   
            VENDO JESUS EM TODOS

 40.  O "pequeníssimo caminho de amor" esgota-se no incessante ato  de amor?

      Nas lições divinas à Irmã Consolata, o "pequeníssimo caminho de amor" desenvolve-se praticamente noutros dois tempos: 
       a) um "sim" a todos, com o sorriso, vendo e tratando Jesus em todos;
       b) um "sim" a tudo, com a ação de graças.

 41.  Que relaçao existe entre estes dois pontos?
       1. O amor de Deus é inseparável do amor do próximo, Jesus uniu os dois mandamentos: "O segundo é semelhante ao primeiro" (Mt 22, 39).
       Com o primeiro, amamos Deus por si mesmo; com o segundo, amamos a Deus no próximo e, em certo sentido, Deus tornou-se visível e alcançável no bem (21). De fato, a perfeição do amor a Deus requer e leva necessariamente a alma à perfeição da caridade com o próximo. Como me esforço por não perder um ato de amor, assim devo esforçar-me por não perder um ato de caridade.
        2. Para amar a Deus com a perfeição exigida pelo primeiro mandamento, devo necessariamente renunciar a tudo o que se opõe a um amor muito perfeito. Alem disso, devo esforçar-me por corresponder em tudo com empenhamento a Deus, cumprindo o mais possível  a sua lei e seguindo perfeitamente a sua vontade sobre mim. Do mesmo modo, para ser perfeito na caridade, devo proibir-me tudo aquilo que pode ofender ao prejudicar o próximo e, pelo contrário, fazer ao próximo todo o bem que me e possível, renegando-me a mim mesmo nos gostos,, comodidades e satisfações, etc. Nesta renúncia total feita por amor de Deus  e nesta negação total de nós mesmos por amor do próximo está a perfeição do sacrifício, encerrado no "sim" a tudo.
        3. Tudo, porém, como se vê, é uma  relação á perfeição do nosso amor a Deus. Por isso, na prática, a perfeição da caridade (não perder um ato de caridade de uma Comunhão á outra) e a perfeição do sacrifício (não perder um sacrifício de uma Comunhão á outra) serão tanto mais fácil e seguramente alcançadas quanto mais  perfeito for na alma o amor de Deus (nao perder um ato de amor de uma comunhão á outra).

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(21) "Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê" (1 Jo 4,20).

segunda-feira, 29 de agosto de 2016



39.  É mais perfeita a simples "contemplação" ou amar com um "amor atual", isto é , com o ato de amor?

      1. Os grandes mestres da vida espiritual ensinam que "a oração mental é conversa com Deus e contemplação das realidades divinas invisiveis". 
      2. O amor de amizade explica toda a sua esplendorosa eficácia na presença da pessoa amada. O que acontece na vida humana verifica-se igualmente no amor de amizade com Deus. Portanto, acontece que o Espírito - que faz de nós "amantes de Deus" -conduz também à sua "contemplação", para que estejamos em condições de "conversar" intimamente com Ele.
     3. Por isso, não se trata de estabelecer uma gradação de perfeição entre elementos que constituem a estrutura da vida interior mais profunda; mas é necessário considerar o amor como impulso para a contemplação e esta como estímulo a amar cada vez mais aquele que é infinitamente amável.
     4. Não será inútil acrescentar que, por si  mesma, a contemplação é quietude e paz do espírito  que adora, agradece, louva e bendiz, ao ouvir as palavras do Divino Mestre, enquanto as necessidades da vida nos levam a ocupar-nos de muitas coisas próprias da ação. Nessa situação, praticando o incessante amor de Deus, ativo e vigilante, tudo se ordena para a sua glória e a sua  vontade dobrar-se a cada bom cansaço para fazer conhecer, amar, e servir aquele que é digno de todo o louvor e bênção.

                                     PENSAMENTOS
                          (Dos ensinamentos de Jesus à Irma Consolata)

     Por motivo nenhum afastes o olhar de Jesus, assim mais rapidamente remarás para a vida eterna.
   Quero-te perfeita e quero-te continuamente comigo; por isso, Jesus só! Eu basto para tudo. Confias em mim, não é verdade?
   Fecha a porta aos sentidos. Vivamos sempre na intimidade, só nós dois; fecha a entrada a todos os pensamentos, a tudo, sempre nós os dois.
   Eu sou sempre fiel às minhas promessas; assim tu, se estiveres sempre em mim serás fiel ao que me prometes, aos teus propósitos, porque àquilo que está na videira, está também nos ramos.
   Permanece em mim e façamos uma só coisa e darás muito fruto e tornar-te-ás poderosa, para que desapareças como uma gota de água no oceano, e para ti passarão o meu silencio, a minha humildade, a minha pureza, a minha sede de sofrimento, o meu zelo pelas almas, a minha vontade de as salvar a todo custo.
   Lembra-te sempre que Eu sou unicamente santo e te posso fazer santa, transportando para ti a minha santidade; a minha santidade torna-se tua, como tua é a minha pureza e tua a minha humildade, percebeste?
   Repara, Eu sou Amor e desde que permaneças no amor, permanecerás em mim, e Eu também em ti.
   É preciso que tenhas um tal domínio dos teus pensamentos e das tuas palavras que o demónio não possa nada contra ti e este autodomínio favorece o teu ato de amor.
   Enquanto tu amas, o demónio não pode fazer entrar em ti um pensamento mau, porque todas as tuas faculdades são absorvidas pelo amor, mas, se deixares de amar, ele poderá. 
Por isso ama sempre.
   Este incessante ato de amor dá-te a tríplice virgindade: coração, corpo e espírito.
   Se desapareceres, nunca deixes entrar um pensamento, que Eu pensarei em ti. Se não falares, falarei Eu por ti. Se não procurares fazer a tua bondade, eu agirei: já não serás tu quem vive, mas Eu em ti.
  

domingo, 28 de agosto de 2016



38.  Que relação existe entre o incessante ato de amor
e a contemplação?

      1. Nem todas as almas são chamadas a santificar-se através do mesmo caminho, assim como nem todas as almas recebem de Deus os mesmos dons. 
      2. Se uma alma foi favorecida por Deus com o dem da contemplação infusa ou chegou à contemplação adquirida e nela se encontra bem e sente que progride na perfeição do amor, permaneça tranquila no seu cume, sem procurar outros caminhos ou meios.
     3. Todavia, o ato de amor também pode ser de grander utilidade, nos dias em que o Senhor permite a aridez interior ou naqueles inúmeros instantes do dia em que, pelas diversas atividades externas, o amor puramente contemplativo se torna pelo menos difilíssimo porque demasiado perturbado.
     4. Por outro lado, não se pode negar que, mantendo a alma incessante e virginalmente fixa em Deus, o exercício do incessante ato de amor a conduz e estabelece num estado de contemplação.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

                     
                      37.  Praticar o incessante ato de amor
                     pode impedir a ação da graça na alma?

      1. É um erro crer que o exercício do incessante ato de amor se oponha, mesmo que pouco, a ação da graça na alma. É precisamente o contrário.
      2. Cada ato de amor é fruto da própria graça enquanto inspirado pela graça e feito com a ajuda da graça (20). Conclui-se que a prática do incessante ato de amor é, em si mesma, um exercício de incessante correspondência à graça.
     3. Se cada ato de perfeito amor atrai para a alma o Criador e o dador da graça (cf. Jo 14, 35), que dizer da alma que se esforça por fazer do seu dia um incessante ato de amor perfeito?
     4. A primeira condição indispensável para que a alma dê muito fruto de santificação é a união a Jesus (cf Jo 15,5); e é o amor que opera essa união. A alma que se esforça por amar incessantemente não pode deixar de chegar a uma perfeita intimidade de amor com jesus e, portanto, á obtençao e à perfeita das virtudes.
     5. A correspondência à graça divina será tanto mais perfeita quanto mais a alma se esforçar por manter-se recolhida e silenciosa em Deus para perceber as mais pequenas vozes ou inspirações da graça. Que meio é mais eficaz do que o incessante ato de amor virginal para manter a alma neste virtuoso silêncio interior e exterior, nesta contínua vigilância de amor?
    6.  A Irmã Consolata podia testemunhar acerca de si próprio, referindo-se à sua vida de Capuchinha, de nunca ter dito "não" a Jesus, de nunca ter deixado passar inutilmente uma única inspiração da graça. A sua vida é precisamente testemunha das maravilhosas graças que a graça pode operar numa alma que se esforce por estar incessantemente unida a Jesus com o amor.
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(20) Cf. 2Cor 3,5: "Não é que sejamos capazes de conceber do conhecer alguma coisa como de nós mesmos; é Deus que provém a nossa capacidade."

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

                                           PENSAMENTOS

                                          (Dos ensinamentos de Jesus à Irmã Consolata) 


         Consolata, sabes que te amo! Vês? O meu Coração é divino, mas também é humano como o teu; por isso, tenho sede do teu amor, de todos os teus pensamentos; quero-os todos.
         Pensarei em tudo; e tu pensarás só em mim. Tenho sede do teu amor; por isso, nenhum pensamento, pois seriam espinhos na minha cabeça.
         Dá-me todas as tuas palavras, quero-as todas; quero um silencio contínuo, quero-te toda minha.
         Faz sempre silencio e sê avara até das palavras necessárias; em vez delas, dá um sorriso a todas e conserva sempre o teu rosto com um sorriso.
         Esquece tudo e todos, e pensa em amar-me cada vez mais, concentra todos os teus pensamentos, palpitações e silencio, nesta única coisa: amar.
         Diz adeus para sempre a todos os pensamentos e a todas as palavras. deixa que todos façam o que querem; se te mantiveres em mim , darás muito fruto porque agirei em ti.
         Que todo o teu cuidado seja estar bem unida à "videira", nunca te separando de "Jesus só" nem sequer com uma palavra não pedida.
         Repara, Consolata, os pensamentos que te surgem sem os quereres não são infidelidade.
         Deixo-te a luta contra os pensamentos inúteis, porque é meritório. Quando só se deseja amar, amar, tudo o que impede este amor torna-se meritório, percebeste?
         Permito esta luta atormentadora de pensamentos que te oprime porque me dá glória e almas. Oferece-me a cada instante - com um "Por ti e pelas almas!" - os pensamentos que não queres e que despontam continuamente, desde que acordas até adormeceres, para te impedir de amar, que Eu transformo-os em graças e bênçãos de almas.
         Olha, o que o inimigo quer é impedir-te de fazer o acto de amor contínuo. Por isso, toda esta luta perturbadora de pensamentos. Qualquer pensamento - nem que seja bom - lhe basta, desde  que não me ames.
         A virgindade de mente torna-te bela e imaculada, o acto de amor contínuo (torna-te) ardente como te quero!
 "Jesus, Maria, amo-vos, 
                                                           
                                                                  Capítulo V
 
                          Resposta a algumas perguntas
36. Praticar o incessante ato de amor
pode tornar-se opressivo para o espírito?

      1. Ninguem poderá negar que praticar o incessante ato de amor exige um esforço incomum de vontade e de energia e, que, portanto, custa à natureza humana. Não se deve, porém, esquecer que, na ascese espiritual, tudo custa, mesmo um só passo na virtude. De fato, "o Reino do Céu tem sido objeto de violência e os violentos apoderam-se dele à força" (Mt 11, 12). Jesus não apresentou a Irmã Consolata o ato incessante de amor como um alívio, mas como uma cruz na qual deveria realizar o seu holoccausto de amor e de dor pelas almas.

         2. Não se pode afirmar de modo absoluto que seja opressivo para o espírito, mas deve-se distinguir:

         a) Este ato é não só opressivo como até não tem sentido para as almas que se esqueceram de Deus, que nem sequer têm uma palpitação de amor por Ele. Seria como pretender  que um morto caminhasse. Estas almas precisam de voltar  a receber a raça com uma boa confissão.

         b) Este ato, em vez de oprimir o coração das almas que se empenham nas virtudes, dilata-o numa mais ampla respiração e faz experimentar, com a Bondade de Deus, a sua Fidelidade inalterável.

         c) Quando a alma que cresceu no amor é elevada ao grau do amor perfeito, ela encontra neste ato a expressão mais bela da vida. Para estas almas sinceras e fortemente decididas a viver a vida de amor em toda a sua perfeição, o incessante ato de amor representa, em vez de uma opressão, uma verdadeira "libertação" de espírito. Prova-o a experiência feita por algumas "Pequeníssimas" Enquanto antes torturavam o seu espírito na procura de um caminho, de um meio para satisfazer o seu desejo de amor e de almas, agora sentem-se plenamente realizadas, realizadas, livres e felizes. No "pequeníssimo caminho" e ainda  mais no incessante ato de amor, elas encontraram  o que afanosamente procuravam. O ato de amor tornou-se de tal modo a vida da sua vida espiritual, que já nao poderá enfraquecer, ja nao poderá sentir um vazio insuportável, quando acontece descurá-lo.

         3. De resto, Jesus não exige a todas as almas na mesma medida e, mesmo entre as "Pequeníssimas", há uma infinidade de graus na perfeição do amor. Alem disso , Jesus oferece a ato de amor, embora apenas frequente, à grande maioria das almas (Angiolette - Anjinhos).